Da Redação – Ezio Garcia
Em reunião acontecida na tarde desta quarta feira, 04, no prédio central da Prefeitura Municipal de Nova Xavantina, os Analistas de Meio Ambiente da SEMA – Secretaria de Estado do Meio Ambiente de Mato Grosso, Leandro Obadowiski e Aryadne Márcia de Aquino, apresentaram para membros do projeto ambiental Rio Limpo Rio Lindo e ambientalistas do município e região -que participaram de forma remota, em reunião transmitida on line; proposta do órgão para a criação do Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Rio das Mortes.
O tema está no centro de debates entre os atores envolvidos -governo, ambientalistas, indígenas, não indígenas e membros das comunidades servidas pelo Rio das Mortes,- desde meados de 2019, quando começaram os processos de licenciamento ambiental para implantação de 04 PCHs – Pequenas Centrais Hidrelétricas ao longo do rio, que passa por diversas áreas indígenas em seu trajeto.
RAPIDINHO
Questionado pelos órgãos ambientais pela rapidez dos processos de licenciamento e de estudos de impacto ambiental (EIA RIMA) -“que não respeitou nem pandemia”-, segundo relatório da Associação Brasileira de Antropologia (ABA); resta ainda várias fases a serem concluídas, como a realização das audiências públicas, que conclui o processo. A apresentação dos técnicos da SEMA foi técnica e isenta, que procurou mostrar as vantagens de se montar o Comitê e como ele funciona.
BAIXO RIO DAS MORTES
Um dos pontos levantados pelos ambientalistas foi a necessidade de se incluir a região do baixo Rio das Mortes na proposta, onde fica por exemplo as Reservas Indígenas Xavante Captariquara, Pimental Barbosa e Areões, cujas populações vivem do rio. e portanto devem ser ouvidas e representadas.
A proposta da Sema apresentada foi só para a região do Alto Rio das Mortes, onde o rio nasce, na região de Campo Verde, Primavera do Leste e Novo São Joaquim, entre outras comunidades, passando por terras indígenas dos povos Bororo e Xavante; o que foi questionado.
No médio e baixo Rio das Mortes, onde vivem predominantemente os Xavantes, o rio banha os municípios de Nova Xavantina, Água Boa, Cocalinho e Santo Antonio do Rio das Mortes, este já quase em São Felix do Araguaia, banhado pelo Rio Araguaia.
IRRIGADORES
Conhecedores da realidade do rio, membros do projeto ambiental Rio Limpo Rio Lindo, que há 19 anos atuam na coleta do lixo doméstico, já tendo retirado mais de 40 toneladas de lixo de suas margens; monitoram a qualidade da água que abastece a população, com análises laboratoriais periódicas e realizam campanhas de conscientização ambiental junto às comunidades ribeirinhas, apontaram os pivôs irrigação para abastecer a agricultura instalados ao longo do rio como um dos atuais grandes problemas que afetam a saúde da bacia, contribuindo significativamente para o seu baixo volume de água, que a cada ano se acentua.
DIAGNÓSTICO
Não há critério nem necessidade de licenciamento para a instalação das bombas, que se multiplicam às dezenas e centenas. Desta incontestável e presente realidade, surgiu a ideia na reunião de se fazer um diagnóstico da bacia, para atacar de frente os problemas.
O projeto esteve representado pelos membros Ezio Calanca Garcia, presidente; Valteri Araújo, articulador e mobilizador e Valmir Arruda, piloteiro. As conversações continuam. Na quinta feira, 05, os técnicos da SEMA realizaram a mesma reunião em Barra do Garças.
É a nova realidade a ser enfrentada pelas populações do Vale do Araguaia e do Roncador: a gestão dos recursos hídricos. Vamos em frente que atrás vem gente, e vem mesmo.