Da Redação – Ezio Garcia
Aconteceu na tarde do último sábado, 25, no auditório do Campus da UNEMAT de Nova Xavantina, a segunda assembléia geral para a criação do Comitê Popular Owawê – Rio das Mortes, movimento popular que visa defender o Rio das Mortes da instalação de quatro PCHs – Pequenas Centrais Hidrelétricas no alto do Rio das Mortes, na região de Primavera de Leste.
As PCHs previstas para instalação são: Entre Rios, Vila União, Cumbuco e geóloga Lucimar Gomes, todas em adiantada fase de licenciamento ambiental, mas estudos realizados por professores do Campus da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) de Pontal do Araguaia, a pedido da Associação A’uwe Xavante, mostra que existe 28 pontos inventariados no Rio das Mortes propícios à aproveitamento hidrelétrico, conforme matéria publicada no site Sintonia News.
XAVANTES E A SOCIEDADE CIVIL ORGANIZADA
Na reunião deste sábado, compareceram diversas lideranças xavantes de comunidades que se abastecem da caça e pesca da bacia do Rio das Mortes, principalmente da Reserva Indígena do Sangradouro, fortalecendo a criação do comitê popular de defesa do rio; além de membros da sociedade civil organizada, como o comerciante e empresário José da Costa Vilar, o Profº Loza; Profº Aminthas Rossete, do quadro docente do Campus da Unemat-NX; Danilo Passos, coordenador do movimento; a bióloga Halina Soares Jancoski, representando a Secretaria Municipal de Meio Ambiente da Prefeitura de NX; Edivaldo Celestino Barbosa, o Dizé, representando o projeto ambiental Rio Limpo, Rio Lindo; jornalista Ezio Garcia, entre outros.
Na pauta da reunião, foi aprovada a ata da primeira assembléia realizada, e discutido assuntos como a estrutura organizacional do comitê; demandas populares; aprovação do logotipo, redes sociais, canais de comunicação, entre outros itens da pauta.
COMO FUNCIONA
A função do Comitê Popular Owawê -termo que significa Rio das Mortes na língua Xavante- é levar as reivindicações e demandas locais para o Comitê Oficial da Bacia do Alto do Rio das Mortes, que está sendo coordenado pela SEMA – Secretaria Estadual de Meio Ambiente, que abrange somente a região de Primavera do Leste, conforme matéria também publicada pelo site Sintonia News.
Uma das primeiras demandas do novo comitê é tornar o comitê oficial abrangente à toda a extensão do Rio das Mortes, uma vez que os impactos serão sentidos por todas as comunidades situadas ao longo do rio, e que dependem dele para as suas sobrevivências, como as comunidades indígenas Pimentel Barbosa, Captariquara e outras aldeias; populações ribeirinhas e de nove municípios que estão na área da bacia do alto, médio e baixo Rio das Mortes, como Nova Xavantina, Água Boa e Santo Antonio do Rio das Mortes, situados na região média e baixa do rio.
IMPACTOS
Segundo o estudo realizado pelos professores e mestres doutores em Ciências Biológicas, Ecologia e Conservação do Campus da UFMT de Pontal do Araguaia, ilustrado com gráficos e informações, alguns fatores de transformação da estrutura do Rio das Mortes com a implantação das PCHs são: a) a implantação de reservatórios em cascata (vários reservatórios implantados no mesmo rio), que diminui a oferta de água em toda a sua extensão -já prejudicada, dizemos nós, com a multidão de pivôs implantados para a agricultura de irrigação, que sugam sobremaneira as águas; b) sequestro de nutrientes dos ecossistemas fluviais à jusante (rio abaixo), prejudicando áreas úmidas como os parques estaduais ecológicos do Rio Araguaia e sítios de criação e crescimento de peixes no Rio das Mortes; c) perda de conexão entre a calha principal do rio e suas lagoas marginais, como as inúmeras existentes ao longo do Rio das Mortes, verdadeiros reservatórios de peixes; d) trechos de vazão reduzida (TVR) a serem implantados vão aumentar a disputa por água com a agricultura de irrigação (pivôs), que já reduzem a oferta de água na região.
A próxima assembléia está marcada para o dia 27 de janeiro de 2024. Veja as fotos: