Programa Profissão Repórter da Rede Globo desnuda o drama da cracolândia no centro de SP

CHAGA SOCIAL

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Da Redação – Ezio Garcia

Último da série “Pra onde, Brasil”, o programa “Profissão Repórter” apresentado por Caco Barcellos, veiculado pela Rede Globo de Televisão, levou ao ar nesta terça feira, 13, reportagem sobre o chamado “fluxo” da cracolândia no centro de São Paulo; um problema que se avoluma a cada dia, torna-se insolúvel a cada dia, e leva terror e desassossego para moradores e comerciantes do centro da capital paulista todos os dias.

Matéria bruta, real, chocante e reveladora, Caco e os repórteres cinematográficos Eduardo de Paula e Gabriela Villaça, mergulharam no dia a dia da cracolândia, de forma nua e crua, isenta (o programa está disponível no G1 para quem não viu), escancarando o problema para as autoridades e o público -problema que muitas vezes é empurrado para debaixo do tapete, como sujeira que ninguém quer ver. O tema, por exemplo, não apareceu em nenhum dos programas eleitorais dos candidatos às eleições majoritárias e proporcionais do ano passado. Nenhum.

REALIDADE

Segundo dados oficiais, a cidade de São Paulo -a maior e mais rica do País- já conta com 32 mil moradores de ruas, dados contestados pelas ONGs, que dão o número de 47 mil; uma multidão que não para de crescer.

O programa mostrou que a legião de dependentes químicos não tem mais lugar fixo: eles mudam toda hora, dada a necessidade da Prefeitura de limpar, lavar, tentar pelo menos devolver as ruas do centro para os pedestres. O fluxo ocupa todo o centro de São Paulo, inviabilizando para visitação publica logradouros históricos como a Praça Ramos de Azevedo, Praça Princesa Isabel, agora a Rua Santa Ifigênia, todo o centro.

Entremeio, igrejas, associações, voluntários e órgãos governamentais lutam para dar apoio diário com alimentação, banho, internações compulsórias (que não resolvem) e principalmente, dar atendimento psicossocial, dar carinho e amor para quem não sabe o que é isso.

JÁ TÔ BOM

A reportagem mostra a realidade do drama dos usuários, que os torna “zumbis” andando a esmo a procura do próximo trago. “Essa é a minha décima quinta internação” disse um deles ao repórter, antes de se internar novamente. “Aqui dentro é assim, é a chave do “já tô bom”, aí agente sai e cai de novo no vício” disse outro, que estava internado.

O programa mostra que a solução para o problema não pode ser politiqueira, imediatista. É uma chaga social, que avança dia após dia, desafiando nosso senso de realidade, e que se multiplica em várias cidades brasileiras, mesmo que em menor número de usuários. O problema é o mesmo.

Estão de parabéns os profissionais da equipe do programa Profissão Repórter, pela excelência da matéria, real e isenta, que chama os brasileiros e brasileiras a pensar; e pela coragem da equipe em encarar a temível cracolândia, o que resultou num memorável trabalho jornalístico, um tremendo choque de realidade neste mundo de fantasias em que vivemos nas redes sociais.

Quem não viu, vale a pena ver; veja as fotos:

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