Salve lindo mês da esperança!
Por Ezio Garcia
No momento em que escrevemos -ante véspera do último dia de agosto-, acaba de cair uma chuvinha fina e refrescante; flores bonitas se abrem lá fora -alegres e alvissareiras- enquanto os ipês amarelos já deram o recado na sua primeira florada: está chegando setembro, o lindo mês da esperança, e com ele a primavera, as flores, a chuva e a renovação da vida na Mãe Natureza.
Não que agosto seja agourento, como diz o povo, “mês de cachorro louco”. É um mês em que acontecem fatos que já vinham sendo delineados anteriormente, efeitos de causas já criadas, que explodem em agosto. Por exemplo, a própria sabedoria popular explica o fenômeno do cachorro louco: os antigos diziam que os fogos de artifícios das festas juninas –que sabidamente prejudicam os cães- os iam enlouquecendo aos poucos, se materializando na “loucura” (a doença auditiva), em agosto.
Reforça a lenda do “mau agouro” o fato de que foi neste mês, no dia 24 do ano de 1954, que o presidente Getúlio Vargas cometeu suicídio, encerrando uma série de acontecimentos que vinham se desenrolando em seu governo, como o atentado na Rua Toneleros, estopim da crise. O referido período histórico foi objeto da minissérie de 16 capítulos produzida pela Rede Globo em 1993, “Agosto”, que este mês chegou na Globoplay.
Porém –“e sempre tem um porém” parafraseando o saudoso Tarso de Castro-, estamos deixando agosto para trás, com todo o seu potencial explosivo de transformações -dolorosas ou não, consolidadas na marra ou espontaneamente. O fato é que estamos deixando tudo isso para trás e adentrando leve e suavemente em setembro, o mês que traz a renovação.
É um momento rico e carregado de simbolismo. Em nosso interior, a mudança de estação se processa como se todas as experiências vividas nos meses anteriores, especialmente em agosto, se transformassem em adubo e fertilizante, em novas sementes, revigoradas e fortalecidas, que vão gerar novos frutos, repaginando nosso Caminhar, descortinando os próximos passos do Caminho, bafejados por uma nova visão e novos procedimentos, impactados pela maior de todas as mães, a Mãe Natureza, um movimento realmente renovador em todos os sentidos e direções.
“Quando entrar setembro, que a boa nova der nos campos…” cantou o poeta mineiro Beto Guedes, em sua magistral “Sol de Primavera”. De Minas Gerais, “onde o oculto do mistério se escondeu…”, segundo Caetano Veloso, o poeta mineiro exalta e enaltece a entrada da nova estação, conclamando para o “novo tempo” que setembro traz.
E eu da janela da minha casa, vejo esse tempo chegar sem pressa nem atropelo, simples e humilde, doce e suave, singelo, preenchendo a tudo e a todos, enchendo de beleza e graça a nossa querida e amada Nova Xavantina!
Seja bem vindo, lindo mês da esperança!